Donald Trump Irrita "lobby" armamentista (Noticia)
A sua decisão de nomear o ainda CEO da 
ExxonMobil Rex Tillerson secretário de Estado dos EUA, dos cargos mais 
prestigiados do país, é considerada “uma boa notícia” para os russos e 
provocou reacções positivas do Kremlin. 
Rex Tillerson foi elogiado recentemente,
 quando Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que o ainda CEO da 
Exxon “desempenha as suas funções de maneira altamente profissional”. E 
em 2013 o Presidente Vladimir Putin concedeu-lhe uma honra de Estado 
russa, a Ordem da Amizade, por “fortalecer a cooperação no sector de 
energia”.
Na terça-feira, após a nomeação, Yuri 
Uchakov, conselheiro do Kremlin, afirmou que o próximo secretário de 
Estado dos EUA “é uma pessoa sólida”, com “boas relações de trabalho com
 as autoridades russas, não apenas com o Presidente russo”.
No mesmo dia, o próprio Presidente russo
 afirmou, numa entrevista divulgada pelo canal televisivo japonês  
Nippon TV, estar disposto a reunir-se “a qualquer momento” com o 
Presidente eleito dos EUA “para normalizar as relações entre os dois 
países”.
Na entrevista, Vladimir Putin disse ser 
“notório” que Donald Trump “defende publicamente a normalização das 
relações russo-americanas”, alertou que a tarefa “não é fácil, dada a 
degradação na qual se encontram” e disse que a não proliferação nuclear,
 a luta antiterrorista e a cooperação económica são os três âmbitos nos 
quais espera melhorias na relação entre Moscovo e Washington.
“Se tivéssemos unido os nossos esforços 
há tempos na luta antiterrorista, muitos dos problemas que o mundo 
enfrenta agora, como os vários atentados terroristas e o problema dos 
refugiados, poderiam ter sido evitados ou, pelo menos, não seriam tão 
graves”, referiu o líder russo.
Vladimir Putin lembrou na entrevista que
 quis trabalhar “estreitamente” com a Administração Obama, mas “as 
relações não encaixaram nos assuntos-chave, e não por culpa da Rússia” e
 advertiu que o slogan “Façamos dos EUA um grande país de novo”, 
utilizado por Donald Trump na sua campanha eleitoral, desperta receios 
no Kremlin.
“É necessário ver como  Donald Trump 
desenvolve essa tese, mas acreditamos que não vai haver problema neste 
sentido para o desenvolvimento da nossa cooperação”, concluiu Putin.
Resistência no Congresso
A nomeação de Rex Tillerson agrada aos 
russos, mas não ao Congresso norte-americano, que segundo meios de 
comunicação social norte-americanos vai fazer o nomeado passar “por 
duras avaliações” nas sessões de confirmação no Senado maioritariamente 
republicano, após aumentar no Congresso o apoio a um “exame completo” 
sobre uma alegada intromissão russa nas presidenciais dos EUA.
As supostas acções russas, a conhecida 
admiração de Trump por Putin e a escolha de um secretário de Estado com 
laços com Moscovo têm alimentado preocupações em Washington, que se 
intensificaram após a inteligência dos EUA concluir que a Rússia tentou 
prejudicar a candidata presidencial democrata derrotada na corrida, 
Hillary Clinton.
Deputados republicanos e democratas 
manifestaram apoio a uma investigação conjunta das duas casas do 
Congresso. Hillary Clinton juntou-se ao apelo de dez grandes eleitores 
dos EUA para que o director Nacional de Inteligência divulgue toda a 
informação sobre os alegados ciberataques russos.
Guerra à indústria bélica
Ao ampliar o ataque contra empresas do 
sector de defesa com contratos com o Governo, chamando o programa dos 
caças F-35 da Lockheed Martin de caros demais, depois de os seus 
assessores admitirem que pretende continuar a pressionar cortes nos 
custos de equipamentos militares, Donald Trump parece querer abrir uma 
guerra contra indústria do sector, ao mesmo tempo que enfrenta o 
Congresso norte-americano.
As declarações de Donald Trump, segundo 
as quais o programa e os custos do F-35 estão fora de controlo e 
milhares de milhões de dólares podem e vão ser economizados em gastos 
militares  após 20 de Janeiro provocaram a queda das acções do sector de
 defesa e preocupações de que o próximo governo pode reduzir as margens 
de lucro das empresas contratadas e cortar os gastos federais, ameaçando
 deste modo empregos no sector. Isto depois de, na semana passada, 
criticar a Boeing devido aos custos “fora de controlo” dos novos aviões 
“Air Force One” e pedir ao Governo Federal para “cancelar a encomenda”.
Tensão com Pequim
Às tensões do Presidente eleito Donald 
Trump com o Congresso e o poderoso complexo militar norte-americano 
junta-se à com o Governo chinês, que advertiu esta semana Donald Trump 
que, se não respeitar a política de “Uma só China”, não vai haver 
estabilidade entre os dois países.
O Governo chinês reagia a declarações do
 Presidente eleito norte-americano, que numa entrevista divulgada no 
domingo pela cadeia televisiva “Fox News” pôs em duvida a continuidade 
da política de “Uma só China”, que desde 1972, sete anos antes do 
restabelecimento total dos laços diplomáticos entre Washington e Pequim,
 em 1979, norteia as relações entre as duas potências mundiais.
Pequim pediu à nova Administração 
americana “que admita a sensibilidade da questão de Taiwan e adira à 
política de "Uma só China", assim como aos princípios estabelecidos 
pelos três comunicados conjuntos entre China e Estados Unidos ” e que 
Washington “administre o assunto de maneira adequada e prudente para não
 danificar as relações bilaterais”.
Isto, sublinhou Pequim, “não afecta 
apenas os interesses fundamentais das relações entre a China e os EUA, 
mas também a paz, a estabilidade e a prosperidade da Ásia-Pacífico e do 
resto do mundo”.

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